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Com mais de 2 mil atendimentos, Caravana deixa Ponta de Pedras e segue para Muaná

A aposentada Conceição Tavares (e), ao lado da filha, Rosimeire Marques, fez a cirurgia de catarata em julho, com a Caravana, e voltou para uma consulta com o cardiologista.

(Agência Pará de Notícias)

A Caravana Pro Paz Cidadania deixou neste sábado (31) o município de Ponta de Pedras, no Arquipélago do Marajó, onde esteve por dois dias. Apenas no último dia de trabalho foram mais de 2,1 mil atendimentos nas áreas de saúde; de cidadania, com emissão de documentos - 365 Carteiras de Identidade, 363 CPFs, 188 Carteiras de Trabalho e 261 Certidões de Nascimento, incluindo 549 fotografias, e na área jurídica, com 136 atendimentos.

Esta foi a segunda ação do Pro Paz em Ponta de Pedras – terceira das 11 cidades marajoaras que receberão o mutirão – somente neste ano. A primeira foi a Caravana Oftalmológica, que passou pela cidade em julho, quando registrou cerca de mil cirurgias de correção de catarata e pterígio (carne crescida).

A Caravana oferece atendimento médico nas especialidades de Clínica Geral, Pediatria, Ginecologia, Cardiologia, Neurologia, Endocrinologia, Reumatologia, Urologia e Dermatologia, e exames como eletrocardiograma, preventivo do câncer de colo do útero (PCCU); HIV e Hepatite (testes rápidos); sífilis e PSA (este auxiliar na detecção de alterações na próstata), além de laboratório de análises clínicas.

De acordo com a coordenadora do Pro Paz, Cláudia Vinagre, um dos diferenciais da Caravana neste ano é a emissão da carteirinha do programa, com a qual será possível fazer o acompanhamento das pessoas atendidas no mutirão. “Fazemos o cadastro do usuário e, depois, emitimos a carteirinha do Pro Paz, que tem ainda o número da carteira do SUS (Sistema Único de Saúde). A nossa ideia, com isso, é fazer um melhor acompanhamento da vida dele, não só nos próximos mutirões, como também no caso daqueles que são referenciados para dar continuidade a algum tratamento específico em Belém”, explicou.

Segundo ela, geralmente a procura nas Caravanas é muito grande por especialidades como Pediatria e Ginecologia, mas desta vez o que surpreende é a demanda por Urologia, especialidade que trata, entre outras doenças, da prevenção do câncer de próstata. “Essa procura nos surpreendeu porque, em geral, ainda há muito preconceito em relação ao exame de próstata. Mas até agora a aceitação tem sido muito boa”, reiterou.

A informação foi ratificada pelo médico urologista Leonardo Lopes, responsável pelo atendimento a esses pacientes no mutirão. De acordo com o médico, hoje os homens têm uma consciência maior acerca da importância do exame de check-up de próstata, mas a maior parte deles ainda não consegue ter acesso a essa especialidade, sobretudo em regiões distantes. “O que já percebemos no Marajó é que cerca de 90% dos pacientes vêm ao especialista pela primeira vez, o que demonstra essa dificuldade”, disse o médico. Segundo ele, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda uma avaliação anual da próstata a partir dos 45 anos de idade, para homens que não têm histórico da doença na família.

O braçal Pedro Damasceno, 58 anos, procurou o urologista pela primeira vez. “Sempre fui meio descuidado. Nem sabia da existência dessa especialidade e desse exame para o homem. Agora que fiquei sabendo, resolvi me consultar e me prevenir”, contou.

Segundo o médico Leonardo Lopes, o rastreamento do câncer de próstata é feito basicamente por dois exames: o físico, por meio do toque retal, pelo qual o médico observa aspectos físicos da próstata, como a consistência e a presença de nódulos, e o exame de sangue, o PSA, que aponta qualquer alteração no órgão, o que não significa que o homem que tenha um resultado alterado esteja com câncer na próstata. “Para se ter um diagnóstico exato é necessária a associação do exame de sangue com o exame físico, nunca um isolado do outro. A alteração de um ou de outro indica para nós a necessidade de uma busca mais ativa, concluída com a biópsia de próstata”, disse o médico.

Cadeirantes – A Caravana Pro Paz também aglutina uma extensão da Unidade Demétrio Medrado, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), que entrega cadeiras de rodas a pessoas necessitadas, mediante apresentação de laudo médico e documentos específicos. O barco onde acontecem os atendimentos do mutirão partiu de Belém com cerca de 100 cadeiras (adultas e infantis), estoque que deverá ser reabastecido nos próximos dias com mais 100 unidades.

Em Ponta de Pedras, a recepcionista Paula Ribeiro, 27 anos, foi uma das contempladas. Ela já estava sem esperanças de conseguir uma cadeira para a irmã, Giandria Ribeiro, 25 anos, que tem dificuldade de locomoção desde os 12 anos, quando sofreu um acidente de bicicleta. “Por conta desse acidente, ela teve o fêmur enterrado na bacia e sofreu um grande desvio na coluna”, contou Paula.

Como a família não tem condições de comprar, Giandria nunca teve uma cadeira de rodas, o que dificultava suas saídas de casa, localizada em uma área de difícil acesso - uma palafita na periferia de Ponta de Pedras. “A gente precisa viajar muito para poder fazer os tratamentos de saúde dela, e só eu sei o quanto é difícil fazer o transporte sem a cadeira. Se não fosse o Pro Paz, talvez nós nunca conseguíssemos, porque jamais teríamos condições de comprar uma”, afirmou Paula.

A doméstica Rosimeire Marques ficou emocionada ao rever a equipe da Caravana Pro Paz Cidadania em Ponta de Pedras. Em julho, durante a passagem da Caravana Oftalmológica pelo local, a mãe dela, a aposentada Conceição Tavares, 82 anos, foi beneficiada com uma cirurgia de catarata. E, neste sábado (31), retornou ao mutirão para uma consulta com um cardiologista. “A minha mãe tinha muitas dificuldades para enxergar. Não cozinhava e nem costurava mais, coisas que ela gostava muito de fazer, e que agora está retomando, tudo graças ao Pro Paz, que está sendo uma verdadeira benção na vida da minha família”, declarou.

Autoestima - A deputada estadual Cilene Couto, que estava de passagem pelo município de Ponta de Pedras, foi cumprimentar a equipe do mutirão. “É muito importante parabenizar o governo do Estado, pois o trabalho do Pro Paz, além de todos os benefícios diretos, ainda devolve às pessoas a autoestima, especialmente numa região como o Marajó, que tanto necessita. O Pro Paz tem a preocupação não só de vir até o município e fazer um atendimento, mas de dar continuidade a esse atendimento, principalmente agora, através da carteirinha do Pro Paz”, ressaltou.

A prefeita de Ponta de Pedras, Consuelo Castro, disse que a sede do município, com cerca de 27 mil habitantes, oferece apenas atendimento básico em saúde, daí a importância de uma ação como a da Caravana, que dá acesso a especialidades tão importantes, cuja demanda reprimida é imensa, como a Ginecologia. “Não temos atendimento nessas especialidades em Ponta de Pedras, por isso a presença do governo do Estado, por meio da Caravana, é fundamental, não só em Ponta de Pedras, como em todo o Marajó, uma região de tão baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e cujos municípios sobrevivem basicamente por conta do repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios)”, enfatizou Consuelo Castro.

A próxima cidade a receber os serviços do mutirão é Muaná, onde o atendimento começa nesta segunda-feira (2) e termina na quarta-feira (4). 

Texto:
Elck Oliveira - Secom