Fasepa e Pro Paz levam espetáculo a Feira Pan-Amazônica do Livro
“Eu achei maravilhoso participar do Sarau Literário e tudo isso que estou aprendendo e vivendo na socioeducação. Eu vi que a arte pode transformar a minha vida e dos meus colegas. De agora em diante eu quero seguir uma carreira artística e me apresentar em outros palcos por aí", ”declarou um dos cerca de 30 adolescentes que integram a Ação Talentos da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), e que se apresentou nesta quinta-feira (01), na XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, que está sendo realizada no Hangar- Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.
A apresentação do espetáculo foi baseada na obra literária ‘Corpo de Festim’ do escritor Alexandre Guarniere, autor homenageado durante a terceira edição do ‘III Sarau Literário 2017’ realizado no último dia (29), e que integra a programação oficial da XXI Feira Pan-Amazônica do Livro. A iniciativa tem por objetivo fazer com que os jovens refaçam seus projetos de vida por meio de ações pedagógicas através da iniciação artística, cultural e incentivo a leitura como ferramenta de transformação social. O evento foi realizado pela Fasepa e Imprensa Oficial do Estado (IOE), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC).
O arte educador da Fasepa, Eduardo Ferreira, ressaltou que “com essa apresentação nós fechamos esse projeto com ‘chave de ouro’”. Para ele, foi um trabalho árduo mais muito prazeroso ver a entrega e o protagonismo dos jovens durante os ensaios e em cena. “Nós fizemos uma síntese do espetáculo e pela aceitação e receptividade do público, a gente acredita que foi um sucesso porque entenderam a mensagem que queríamos passar. Esse momento faz com que os jovens se sintam realmente integrados a sociedade, sabendo que um dia eles voltarão aqui numa outra condição, onde já estarão fora da medida socioeducativa, talvez como telespectador ou como atores em cena”, ponderou Eduardo Ferreira.
A ação também contou com a participação dos alunos da Fundação Pro Paz nos Bairros que se apresentaram por meio da Companhia Caminhos de Dança e do Coral da Fundação Pro Paz, que resultaram das atividades de arte, esporte, cultura e lazer ofertadas em cinco polos do programa distribuídos na Região Metropolitana de Belém (RMB). Durante todo o período da feira, um circuito literário fará parte do dia a dia dos aproximadamente 1.500 alunos matriculados nos polos, o que inclui saraus literários e rodas de conversa sobre documentários e escritores paraenses.
Para Victória Camille, 13 anos, que frequenta o polo Mangueirão, foi uma honra cantar pela primeira vez no Coral da Fundação. “É um momento muito importante, que reúne muitos estudantes e até pessoas de fora. Ensaiamos muito e é bonito ver que as pessoas se emocionaram e cantaram junto com a gente”, detalhou a estudante, solista do grupo.
De acordo com Mônica Altman, coordenadora do Pro Paz nos Bairros, as apresentações são a culminância de um trabalho realizado com muita dedicação pelos educadores dos polos. “Ver nossos alunos no palco é ter a certeza de que nosso trabalho - que fortalece a proteção dessas crianças, adolescente se jovens - vai muito além do repasse de atividades artísticas ou culturais. É a descoberta de talentos e a oferta de esperança para muitos deles”, declara Altman.
PÚBLICO – Acompanhado de seus alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dom Pedro I, localizada em Belém, o professor de língua portuguesa e Inglesa, Gilson Farias, disse que a arte é uma possibilidade de ressocialização e representa um momento em que eles [socioeducandos] estão refazendo suas vidas. “Tudo é interessante, trabalhar com o texto, o corpo, se apresentar ao público e tudo serve como crescimento para eles. Quando se priva alguém de liberdade, a sociedade pensa em algo como vingança. Mas é um momento de ressocializar, da pessoa refletir e principalmente, esses jovens que muitas vezes não tiveram um apoio, um exemplo e se eles estão lá [cumprindo medida socioeducativa] é para ter um apoio, para serem ressocializados para que eles possam refazer a sua vida”, avaliou Farias.
Texto: Alberto Passos (Ascom Fasepa) e Nil Muniz (Pro Paz)