Detentos vão participar da revitalização do Museu Emílio Goeldi
O Governo do Estado e o Museu Paraense Emílio Goeldi, por meio do Instituto Peabiru, firmaram nesta quinta-feira (16) termo de cooperação que vai gerar emprego e renda para internos custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe), no projeto de revitalização do parque zoobotânico. A iniciativa surgiu a partir do projeto ProGoeldi, que prevê investimentos para o espaço em comemoração aos 150 anos do museu.
Dez detentos do regime semiaberto serão capacitados e certificados pela empresa de tintas Coral, uma das principais parceiras no projeto, para fazer reparos e a pintura de mais de um quilômetro de muro que circunda o parque, além da pintura de prédios de visitação e da área administrativa do museu.
“O museu já vinha estabelecendo uma parceria com o governo, por meio da Fundação Pro Paz, e firma agora com a Susipe, no sentido de criar oportunidades de trabalho a apenados jovens que já estão no final da pena, afim de que sejam reinseridos no mercado de trabalho. Essa parceria é uma oportunidade para todos. Precisamos do apoio dessas pessoas para a melhoria do nosso espaço e, ao mesmo tempo, garantimos apoio provendo conhecimento e capacitação. É uma porta que se abre para a reinserção social”, afirmou o diretor do Museu Emílio Goeldi, Nilson Garbas Júnior.
Para o trabalho, os internos irão receber ¾ do salário mínimo (como determinado pela Lei de Execuções Penais), auxílio-transporte financiado pelo Pro Paz e também auxilio-alimentação, em contrapartida da Susipe. “Estamos trabalhando no projeto por meio do Pro Paz Juventude, que promove ações de capacitação para jovens, atendendo a esses detentos que têm faixa etária de 19 a 28 anos. Essa parceria é fundamental, pois além de estarmos criando oportunidade de remuneração, eles ainda contam com a remissão de pena pelo trabalho”, disse o presidente do Pro Paz, Jorge Bittencourt.
O parque zoobotânico do Museu Emílio Goeldi recebe cerca de 400 mil visitantes por ano. O espaço, um dos mais respeitados e referenciados entre os museus científicos do Brasil, tem a parceria do Instituto Peabiru na captação dos recursos que visam à revitalização do local. “Dentre os investimentos que serão feitos no ProGoeldi, a prioridade são as melhorias nas edificações e alguns espaços, como o aquário, que está fechado há dez anos por conta de algumas restaurações e ajustes, e também a construção de um preguiçário. Os internos vão fazer a reparação nos muros e a pintura, mas há edificações tombadas pelo patrimônio histórico, então há todo um cuidado, não é uma simples reforma”, explicou o diretor do Instituto Peabiru, João Meireles.
Atualmente, a Susipe conta com 29 convênios firmados e mais de 500 presos com trabalho formal e carteira assinada. Para o superintendente da Susipe, André Cunha, essa nova oportunidade é especial, pois trará melhorias para um patrimônio histórico. “Para o Governo do Estado, para a Susipe e com certeza para o Pro Paz, é muito importante fazer parte desse projeto, e quanto mais projetos dessa natureza tivermos, muito mais a gente vai se empenhar. Ter a oportunidade de participar da revitalização de um ambiente que faz parte da história do Pará é trabalhar na revitalização da própria história”, disse.
Para a secretária de Integração de Políticas Sociais do Estado, Izaela Jatene, o governo tem o papel de garantir a articulação entre entidades e setores sociais para promover políticas públicas como esta. “Trabalhamos a articulação de todos esses atores do Estado para apoiar essa iniciativa do Museu Goeldi”, completou.
O detento Erilando Sousa, 27, vai participar do projeto e se profissionalizar como pintor. "É uma oportunidade única para voltar a ser cidadão de bem, com uma vida justa e honesta. Espero agora sempre fazer as coisas certas e ter uma nova vida. As pessoas sempre têm a visão que a prisão não ressocializa, mas quando a gente tem uma ajuda, uma oportunidade como essa, as coisas se tornam mais fáceis", acredita.
Estiveram presentes na assinatura do convênio o gerente comercial da Coral Tintas na região Norte, Hugo Ferreira, o coordenador da ProGoeldi, Oswaldo Braglia, e a cantora Fafá de Belém, que é madrinha do projeto. A previsão é que a revitalização do Museu Goeldi comece no inicio de julho.
Por Timoteo Lopes