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Companhia de dança criada no Pro Paz lança espetáculo em Belém

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sexta-feira, 12 Maio, 2017

A história de uma menina que ao acordar de um sono profundo conhece um pássaro encantado e com medo de perder sua amizade o aprisiona em uma gaiola é o roteiro no novo espetáculo “Pássaro Encantado”, da Companhia de Dança Caminhos, criada a partir das aulas de dança desenvolvidas no programa Pro Paz nos Bairros, polo da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O palco do Teatro Margarida Schivasappa, no Centur, foi escolhido para a pré-estreia do espetáculo, realizado nesta quinta-feira, 11, às 17h, em meio ao evento "Circuito Artístico Caminhos da Dança", com coordenação e direção geral do bailarino Diego Jaques, direção cênica de Kadu Salvatore e corpo de dança composto por oito jovens bailarinos da periferia de Belém, que deram seus primeiros passos na arte dentro do programa desenvolvido pela Fundação Pro Paz.

Foi a partir da coragem e a determinação do cotidiano de adolescentes nascidos e na periferia da capital paraense que surgiu a história de superação em meio aos conflitos da adolescência e ao caos imposto pela vida urbana. As histórias dos bailarinos Aldair Maciel, Antônio Carlos, Aline Suelen, Amanda Abreu, Danilo Moraes, Eydielma Ferreira, Igor Araújo e Rosecleide Santos poderiam ser facilmente contadas no roteiro de um filme, mas não é ficção. É realidade. 

A Companhia de Dança Caminhos surgiu em 2013 como atividade de arte e lazer ofertada pelo Pro Paz a crianças e adolescentes dos bairros do Guamá e Terra Firme, onde há um registro histórico de vulnerabilidade social. E foi por meio da dança que dezenas deles escolheram a arte e o esporte como rumo para suas vidas. E foi na dança que muitos encontraram uma forma de compartilhar histórias, relatos, sonhos e planos utilizando a linguagem corporal como instrumento artístico.

Exemplo

Uma dessas histórias de superação é contada por uma das bailarinas da companhia, Eydielma Ferreira, 22, que há três anos frequenta o polo do Pro Paz nos Bairros e que recentemente ingressou no curso de dança da UFPA. “No início pareceu um sonho impossível, mas chegar nesse palco é ter a certeza de ter feito a escolha certa, pois já vi muitos amigos meus, também da periferia, se rendendo às drogas e ao crime. A arte me trouxe para este mundo e me ofereceu um caminho de felicidade no polo do Pro Paz. Sem eles, a arte e a fundação, eu não sei onde estaria agora”, relatou a jovem. 

Para a adolescente Aline Costa, 16, mulher, negra e que também vive na periferia, o caminho até a arte foi de muitos desafios. “A gente vem de bairros desacreditados, com uma juventude muitas vezes ignorada, mas que quando vê oportunidades como as oferecidas pelo Pro Paz agarra com unhas e dentes e não as deixa escapar. Hoje nós estamos dando mais um passo na construção de uma nova história, mostrando que na periferia tem muita gente boa e talentosa”, observou Aline.

O bailarino Diego Jaques, que acompanha os jovens do polo UFPA há alguns anos, contou de onde surgiu a inspiração para o espetáculo. “Um dia percebemos que na rua do polo, às margens do canal do Tucunduba, havia uma área de mata sendo incendiada e decidimos falar da preservação do meio ambiente, dos cuidados com os animais e como esse cuidado reflete diretamente nas nossas vidas. O Pássaro Encantado junta, pela primeira vez, o teatro e a dança, uma nova proposta da companhia, o que nos mostrou que muitos dos bailarinos também possuem uma veia artística pujante”, destacou.

“Esses alunos chegam aos polos com diversas histórias e perspectivas, mas o grande desafio do Pro Paz, ao apoiar a criação da Companhia Caminhos, foi ajudá-los a organizar esse turbilhão de informações e emoções de maneira que eles consigam canalizar tudo isso à arte. Ou seja, nosso trabalho não é oferecer a dança pela dança, a técnica pela técnica, mas criar laços e pontes robustos para a formação de cidadãos inteligentes, esclarecidos e antenados com o que realmente querem para as suas vidas”, explicou Jaques ao falar sobre sua relação de professor, orientador e amigo com os integrantes da companhia.

Para a pedagoga Regina Silva, coordenadora do polo UFPA “esses jovens já são diferenciados na sociedade por conta do contexto social que vivenciam. Esse não é o retrato apenas de um trabalho técnico, mas se reflete particularmente na vida de cada jovem que se mostra buscando conquistas de liberdade por meio de um processo coletivo”, pontuou.

A coordenadora do Pro Paz nos Bairros, Mônica Altman, falou da emoção de ver crianças que a fundação viu crescer e que hoje sobem no palco de um dos teatros mais importantes do Pará. “Vamos fazer 13 anos e hoje estamos colhendo os frutos de um programa de sucesso, que oportunizou o crescimento pessoal e profissional a pessoas que abraçaram um caminho e mudaram suas vidas por meio da Cultura de Paz”.

Por Nil Muniz