Fundação Curro Velho forma gerações para as artes e a cidadania
(Agência Pará de Notícias)
Fomentar a educação para as artes e, ao mesmo tempo, contribuir com a inclusão social de crianças, jovens e adultos. Esta é, em linhas gerais, a missão da Fundação Curro Velho (FCV), órgão ligado à Secretaria Especial de Estado de Promoção Social, que, desde 1990, vem garantindo o acesso de diferentes públicos às mais variadas linguagens artísticas, usando, para isso, principalmente, as oficinas ofertadas pelos seus dois núcleos, a fundação e a Casa da Linguagem.
Segundo a diretora de oficinas da FCV, Sandra Rebelo, ao todo, são ofertadas 1.950 vagas a cada mês. As oficinas – de arte e ofício em linguagem verbal, visual, cênica e musical – são divididas por módulo, sendo quatro módulos por semestre. O primeiro deste ano, por exemplo, ocorreu entre os dias 4 e 22 de março; o segundo, iniciado no dia 8 deste mês, está em andamento e prossegue até o dia 26. O terceiro módulo vai de 6 a 24 de maio e, o quarto e último módulo deste semestre, de 3 a 21 de junho. No segundo semestre, serão mais quatro módulos de oficinas.
Abrem-se as inscrições, geralmente, duas semanas antes do início do módulo desejado. Elas são gratuitas para estudantes da rede pública de ensino. O restante do público paga uma taxa. As oficinas incluem desde a iniciação até aperfeiçoamentos nas diferentes modalidades artísticas. Não à toa, uma gama de artistas renomados no Estado e fora dele participaram dessas atividades, como instrutores ou até como alunos. Gente como os fotógrafos Dirceu Maués e Shirley Pennaforte, a artista plástica Berna Reale e a ceramista Iser Campos, entre outros, passaram por lá.
Formação – “As oficinas são o instrumento mais sistemático que temos para tentar contribuir com a formação cultural do nosso povo. Com elas, passamos questões como a história da arte, a nossa herança cultural e a questão ambiental, que é especialmente forte aqui, por estarmos na Amazônia”, explica a superintendente da fundação, Dina Oliveira.
Foi esse conjunto de elementos que atraiu, por exemplo, a estudante universitária Carolina Modesto, 17 anos. Moradora do município de Castanhal, no nordeste do Estado, ela é uma apaixonada por desenho. Sempre quis conhecer as técnicas dessa arte, mas não tinha tido oportunidade. Mudou-se para Belém neste último mês para participar da oficina de iniciação ao desenho.
“Embora hoje eu esteja me direcionando para uma outra área, tenho certeza que a arte sempre estará presente na minha vida. Estou amando a oficina, que me foi indicada por amigos, não só pelo aprendizado que estou tendo, mas também porque, com dela, tenho a chance de conhecer novas pessoas e me aprofundar na cultura amazônica”, destaca a jovem.
Economia – A dona de casa Selma Gonçalves, 48 anos, viu na oficina de serigrafia uma oportunidade para incrementar o pequeno negócio de venda de açaí. Ela conheceu a fundação pelo filho, que participou de oficinas cênicas na instituição. Acabou se interessando e decidido ingressar em uma das formações. “Eu fazia a serigrafia como autoditada, mas agora estou aprendendo as técnicas e já vejo perspectivas de melhorar os resultados no meu trabalho, que é uma venda de açaí. Às vezes, tenho de pagar outras pessoas pelas camisetas e materiais de divulgação, mas, agora, creio que já posso fazer sozinha”, avalia.
Com o tempo, Selma poderá fazer parte do Núcleo de Prática de Ofício e Produção da FCV, que ministra as oficinas de serigrafia, cerâmica, papel reciclado, tecelagem, cestaria, marcenaria e cartonagem, com o objetivo de iniciar o aluno em processo de produção, preparando-o para uma possível inserção no mercado de trabalho.
“Podemos observar vários exemplos de alunos que passaram pelas oficinas e hoje exercem atividades como artesãos na cidade e até mesmo aqui na instituição, como instrutores. Outros criaram seu ateliê, participando de exposições e feiras”, relata Sandra Rebelo.
Intercâmbio – O trabalho desenvolvido pela Fundação Curro Velho é reconhecido nacional e até internacionalmente. Recentemente, cinco professores da Academia de Belas Artes de Bolonha (Itália) visitaram a instituição, marcando o início de um intercâmbio entre a academia e a fundação, por meio do projeto cultural Casa Rosada, da Alubar. Mês que vem, será a vez de cinco técnicos da fundação irem até Bolonha conhecer as atividades da academia e trazer para o Curro novos elementos, novas ideias de projetos, sobretudo nas áreas do design e produção de objetos.
A Fundação Curro Velho tem ainda uma intensa atividade no interior do Pará. A partir das parcerias com prefeituras e instituições comunitárias, como associações e cooperativas, a instituição leva ações permanentes ou temporárias para esses locais. Um exemplo foi o projeto “Piracema – Instalação de Arte Pública”, que reuniu professores cenógrafos e artistas artesãos na produção de esculturas de 14 peixes da região oeste do Estado.
Depois, o resultado do trabalho foi exibido em local público, no caso, a orla da cidade de Santarém. A mostra também foi trazida para Belém e reeditada, com outras técnicas e elementos, em Marabá. Agora, o projeto vai ganhar um catálogo, com direito a resenha crítica e análise da importância da iniciativa.
Dentro dessa perspectiva, ocorre neste sábado (13), em São Domingos do Capim – como parte dos eventos culturais do XIII Festival da Pororoca e do XV Surf da Pororoca –, a programação do Gran Circo Curro Velho, que incluirá a apresentação de espetáculos cênicos e workshops, ministrado pelos próprios artistas para a comunidade local.
Texto:
Elck Oliveira - Secom
Foto:
Eunice Pinto - Secom