Pelo segundo dia consecutivo na quadra nazarena, crianças de famílias de baixa renda, cujos pais estão trabalhando nas procissões do Círio, foram acolhidas pelo “Centro de Convivência Dom Vicente Zico”, em funcionamento no Instituto de Educação do Estado do Pará (IEEP). Lá, elas participaram de brincadeiras e atividades pedagógicas com ajuda de psicólogos, assistentes sociais e técnicos das fundações Pro Paz e Papa João XXIII (Funpapa).
O “Centro de Convivência Dom Vicente Zico” foi planejado para atender até 50 crianças durante as procissões do Círio. O objetivo do espaço de acolhimento é evitar a exposição dessas crianças ao trabalho nas romarias. A iniciativa faz parte do “Projeto de Promoção do Trabalho Decente no Círio de Nazaré 2016”, que desde o início do ano foi criado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o apoio do Governo do Pará, Prefeitura de Belém e Diretoria da Festa de Nazaré.
Doze crianças fora recebidas no espaço durante as romarias de sábado. Neste domingo de Círio, oito meninos e meninas foram acolhidos com brincadeiras, jogos didáticos e lanches. “Desde abril estamos nos planejando e reunindo parceiros. É uma experiência nova e estamos avaliando o que conseguimos para poder melhorar”, pontuou Mônica Altman, 53, coordenadora do projeto Pro Paz nos Bairros.
A coordenadora avaliou como um sucesso a participação de crianças inscritas, embora o número ofertado pelo espaço não tenha sido aproveitado completamente. “Já identificamos que, mesmo com resistência de vários trabalhadores, que em geral não querem admitir que acabam levando suas crianças consigo para trabalhar nas ruas, houve uma boa resposta de inscrições espontâneas”, ressaltou Mônica, lembrando que crianças também foram acolhidas neste Círio após idas de equipes às ruas. Cerca de 18 profissionais integram o projeto.
“Já sabemos agora que envolver as associações e entidades de trabalhadores, de catadores a ambulantes, desde cedo, e oferecer também possibilidades de pernoite, podem ser um dos grandes trunfos para fazer o projeto ter maior adesão. Além disso, a experiência desse ano levou a uma confiança maior no espaço, o que os motivou”, avaliou a coordenadora.
“Foi muito positivo o que fizemos neste Círio. Essa experiência sinaliza para outras ações aliadas a grandes eventos que envolvem esses trabalhadores no Pará. E abre um bom debate para que possamos repensar o atendimento a essas crianças”, avaliou o presidente da Fundação Pro Paz, Jorge Bittencourt.
Ação - “A gente está feliz de realizar essa ação. Isso porque isso tem tudo a ver com o sentido do Pro Paz, e tudo a ver com o Círio de Nazaré. Afinal, misericórdia, e não sofrimento, é a palavra de ordem da quadra nazarena”, pontuou a coordenadora Mônica Altman.
O “Projeto de Promoção do Trabalho Decente no Círio de Nazaré 2016”, pensado com a ajuda da OIT para o Círio 2016, tomou como exemplo outras iniciativas brasileiras para a promoção do trabalho decente em grandes eventos no País, como a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas do Rio e o carnaval de Salvador (BA).
Ao todo, 16 entidades, órgãos e secretarias se aliaram às ações da OIT e MPT PA/AP: Associação dos Magistrados da 8ª Região do Trabalho (Amatra 8); Ministério do Trabalho (MT); Dieese/PA; Cruz Vermelha; Diretoria da Festa de Nazaré; Polícia Militar; Fundação Pro Paz; Secretaria de Estado de Integração de Políticas Sociais (Seeips); Secretaria de Assistência, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster); Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh); Secretaria de Turismo (Setur); e Secretaria de Estado de Educação (Seduc); além da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma); Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan); e Secretaria Municipal de Economia (Secon) e Fundação Papa João XXIII (Funpapa).
Por Lázaro Magalhães