Fundação PARÁPAZ
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Uma vasta programação marcou as comemorações pelos 12 anos do Pro Paz no Pará, iniciativa surgida em 2004 como um programa do Governo do Estado, convertida mais tarde em política pública por força de decreto, até se consolidar, em 2015, na Fundação Pro Paz, criada com a missão de racionalizar e ordenar recursos e ações para transformar a vida de milhares de paraenses em situação de vulnerabilidade social.

Graças ao Pro Paz, o Pará é o único estado da Federação que possui, há mais de dez anos, um protocolo padrão para atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência que é modelo para o Brasil. Modelo esse, pioneiro, que já serviu de referência para o Ministério da Saúde e que levou o Pará a também ganhar da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, o reconhecimento por manter uma das onze melhores práticas das américas para a integração de sistemas de segurança pública com políticas sociais.

Tantas conquistas mereciam uma celebração à altura dos avanços sociais por ela proporcionados. E o Estádio Olímpico do Pará, que abriga um dos polos do Pro Paz nos Bairros, programa mantido pela Fundação, foi o local escolhido para a festa, que reuniu centenas de pessoas na manhã deste sábado, 4, em torno de uma programação cultural, esportiva e de cidadania.

Quem foi ao Mangueirão pode aproveitar os vários serviços ofertados, como o de emissão de documentos de identificação, feito pela Polícia Civil, e de saúde, coordenado pelas Secretarias Estadual (Sespa) e Municipal (Sesma) de Saúde, e também acompanhar a entrega de Cheques Moradia concedidos, na ocasião, a 39 famílias que vivem na Região Metropolitana de Belém. Já a garotada se divertiu com as atividades esportivas - futebol de campo, futebol de salão, tênis de mesa e basquete - e oficinas lúdicas.

O evento contou com a presença da secretária extraordinária de Integração de Políticas Sociais, Izabela Jatene, do presidente do Pro Paz, Jorge Bittencourt, do comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, Coronel Zaneli Antônio Melo, além de professores e coordenadores dos polos mantidos pela Fundação Pro Paz.

Ao longo desses 12 anos de existência, o Pro Paz tem assegurado proteção a crianças, adolescentes, mulheres, idosos e outras vítimas de violência, e reafirmado o compromisso do Estado com a prevenção, redução e solução de conflitos sociais, o combate à exclusão social, a promoção do acesso à cidadania e a direitos básicos - saúde, educação, lazer, esporte, arte e cultura -, além da criação de oportunidades de emprego e geração de renda. Hoje, convertido em política social, o Pro Paz soma mais de dois milhões de atendimentos feitos tanto nas unidades espalhadas por todo o Pará e também nas ações itinerantes.

“O que fazemos é resignificar vidas e valores. Nosso grande objetivo é alcançar as famílias dando a elas oportunidades por meio de políticas públicas que assegurem proteção e melhores perspectivas principalmente às crianças e jovens. Esse trabalho é feito no contraturno escolar. Nossos jovens participam de várias atividades - esporte, dança, leitura, música - que auxiliam na formação intelectual e individual, promovendo a melhoria das relações familiares, garantindo novas perspectivas e afastando esses jovens de situações de risco”, explica Jorge Bittencourt, presidente da Fundação Pro Paz.

Uma das principais frentes de atuação nesse sentido é o Pro Paz nos Bairros, que tem seis polos espalhados pela Região Metropolitana de Belém (UFPA, UFRA, Sacramenta, Mangueirão, Ananindeua e Marituba) e que, juntas, atendem aproximadamente 3.600 jovens. A  execução de um trabalho integrado, aliás, é um dos grandes trunfos do Pro Paz, que mantém núcleos de proteção social e acesso à cidadania e serviços públicos onde as populações mais vulneráveis do estado tem maior necessidade dessa rede.

Exemplo disso são as Unidades Integradas Pro Paz (UIPPs), que já somam 48 em todo o estado. Entre 2010 e 2015, os números de homicídios nos bairros de atuação direta dessas unidades tiveram redução de 26%. Na Terra Firme, em Belém, por exemplo, os registros desse tipo de crime caíram 63% após a implantação da UIPP. Já nos bairros do Distrito Industrial e Icuí-Guajará, em Ananindeua, essa redução chega a 17,5%.

A Fundação também atua em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará, por meio do projeto Escola da Vida, que está presente em 22 municípios e atende 2.800 crianças em todo estado. “Acredito que essa união de forças garante o fortalecimento de ambas as partes. O programa Escola da Vida já existia há mais de 20 anos e quando o Pro Paz se uniu a essa iniciativa ganhamos ainda mais corpo. É importante destacar que para nós o objetivo é sempre o mesmo: incentivar a cultura da paz em nossos polos. É aqui, durante as atividades, que trabalhamos para garantir um futuro melhor a todos esses jovens”, destaca o coronel Zaneli Antônio Melo, comandante geral do Corpo de Bombeiros.

Izabela Jatene, secretária Extraordinária de Integração de Políticas Sociais, já esteve à frente do Pro Paz e participou diretamente do processo que levou à transformação do programa em Fundação. “Posso dizer que cumprimos a nossa missão a cada criança, mulher ou adolescente atendidos. Ainda falta muito a fazer, é certo, mas esse é o desafio que nos move, que promover a consolidação real de uma política de estado. Nossa gratidão a todos que colaboraram para essa conquista é enorme, afinal, se manter por 12 anos não é fácil e foi pela crença da sociedade nesta ideia é que o Pro Paz chegou até aqui”, diz.

Cheque Moradia - Julinalva Vieira, 29, é mãe de cinco filhos. Ela é diarista e vive com a família em uma pequena casa na vila Canaã, em Marituba. Há um ano ela conheceu as atividades do Pro Paz por meio do polo localizado no Instituto de Ensino de Segurança do Pará (Iesp). A despeito da opinião dos vizinhos, que não botavam muita fé no projeto, ela decidiu matricular quatro de seus filhos no programa. E foi também por intermédio dele que descobriu o Cheque Moradia, benefício concedido pelo governo do Estado a pessoas de baixa renda para a construção ou reforma de imóveis.

Hoje, além de manter os filhos escola, assistidos pelas atividades do Pro Paz nos Bairros, ela comemora a tão sonhada oportunidade de garantir a casa própria. Junto com outras 37 famílias, Julinalva recebeu, durante a programação de aniversário do Pro Paz, o benefício habitacional.

“Eu fui muito bem atendida desde o início pelas assistentes sociais e psicólogas do programa. Confesso que me surpreendi. Aqui meus filhos tem a oportunidade de crescer e se tornar pessoas melhores”, conta a diarista, que agora já faz planos para a casa nova. Graças a Deus teremos um lugar melhor pra viver, com saúde e dignidade."  

Vencedor das piscinas – Gabriel Figueiredo, 16, está há cinco anos do Pro Paz. Em razão da baixa estatura (menos de 1,50 m), resultado de uma deficiência nas duas pernas causada por um acidente que comprometeu o desenvolvimento dos membros inferiores, ele poderia estar fadado a permanecer em uma cadeira de rodas a vida inteira. Mas desde criança Gabriel se recusou a aceitar sua condição e buscou atividades esportivas que ajudaram a fortalecer os músculos e o transformaram em um excelente nadador. Hoje, o jovem escreve outra história, a do menino que se tornou um atleta.

Em 2015 ele foi classificado em três modalidade diferentes durante as Paraolimpíadas Escolares, mas optou pela que dominava, a natação, e não deu outra: conquistou o 4º lugar nos 100 metros livre e 6º lugar no nado costa. Atualmente ele se prepara para a seletiva das Paraolimpíadas Nacionais que serão realizadas este ano, no Rio de Janeiro.

“Antes eu só nadava por nadar e os professores me incentivaram a investir nessa habilidade. O Pro Paz me ajudou a realizar sonhos e ter a possibilidade de conhecer lugares que eu nunca imaginei visitar. Eu nunca tinha viajado de avião antes de ser um atleta. Aqui eu vejo como o projeto dá oportunidades para vários jovens com histórias parecidas com a minha. Pessoas que poderiam ficar isoladas, mas que, aqui, são integradas às atividades e estimuladas a superar seus limites. Sem dúvida o Pro Paz muda vidas”, diz o jovem.

Das ruas para as quadras – Danúbia Rodrigues, 15, é moradora do bairro do Benguí e participa do projeto desde 2011. Apaixonada por futebol e pelo Paysandu, time do coração, ela descreve a sua vida antes do Pro Paz como “muito errada”. "Eu Participava de torcidas organizadas, brigava na rua e vivia distante da minha família. Uma amiga me falou das atividades que o projeto ofertava no Polo Mangueirão e então resolvi participar", conta. Acolhida pela equipe de psicólogos, assistentes sociais e professores do Pro Paz, Danúbia é hoje uma das atletas mais populares do time de futebol feminino.

“Posso dizer que o Pro Paz mudou a minha história completamente. Fiz muita besteira, mas hoje sou uma pessoa muito diferente. Eu quero viver uma vida melhor, viver o meu presente e esquecer o passado. Aqui aprendi a respeitar os professores, a ter paz, a compartilhar, a fazer amigos, coisas boas. A gente se sente bem, pois os professores e psicólogos nos chamam para conversar, nos ouvem e nos entendem. Isso é muito importante e hoje eu também convenço outras amigas a se matricular no programa”, conta.

De aluna a professora – A postura impecável da coluna e os passos leves revelam as habilidades da bailarina Fernanda Fernandes, 19, ex-aluna de ginástica rítmica do polo Pro Paz UFRA. Durante os estudos ela acabou se dedicando ao balé para aprimorar ainda mais os movimentos. Quando entrou no programa, em 2006, ela foi convidada a trabalhar na companhia de dança daquela que era sua professora à época. No grupo, participou de alguns espetáculos e foi assistente durante as aulas. Por conta disso, pode estudar, treinar e a partir daí descobrir o que hoje é a sua maior paixão: dar aulas de danças para crianças.

Aos 16 anos ela começou o próprio projeto de dança nos bairros do Una e Cabanagem, com crianças de 5 a 12 anos, que hoje já tem 37 alunos. Este ano ela pretende realizar o sonho de se profissionalizar e fazer o curso de dança na universidade.

“O Pro Paz foi importante na minha história, e eu acredito que também pode ser na vida de várias outras crianças que vivem nas periferias, sem nenhuma perspectiva. Muitas chegam aqui sem uma estrutura familiar, passam por dificuldades financeiras, e o Pro Paz resgata esses jovens da rua. Foi o que aconteceu comigo, pois eu era uma criança muito problemática e a dança me ajudou a ter disciplina, cidadania, respeito, educação. São estes conceitos que eu quero repassar aos meus alunos”, diz a jovem, que coloca na ponta dos pés a esperança de um futuro melhor.

Por Diego Andrade

 

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